segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Expropriação de terrenos da AE causa polémica

Por: Miguel Midões

Alguns populares estão insatisfeitos com a expropriação de terrenos de que foram alvo para a construção da Auto-Estrada Transmontana.
O deputado do PCP, Agostinho Lopes, teme que por trás esteja um alegado negócio de terrenos.

“Não há nada que diga que não se tenha isto em conta, a não ser que haja algum interesse em torno do negócio dos terrenos, e é isso que queremos acautelar”.

Em causa estão os terrenos que foram expropriados para a construção da área de serviço, que ficará na zona de Quintela de Lampaças e para a construção do nó da Zona Industrial de Macedo de Cavaleiros.

“Não há razões para que uma estação de serviço ocupe terrenos indesejados, quando há tanta zona onde pode ser montada sem qualquer problema. Por exemplo, em Macedo de Cavaleiros fala-se na destruição de um pombal, que foi recentemente construído”.

Na Amendoeira, em Macedo de Cavaleiros, junto ao nó da zona industrial há casos de pessoas descontentes com o valor a que lhes foram pagos os terrenos agrícolas. É o caso de Olímpio Fernandes, que teve de ceder três dos seus terrenos, a preços consideravelmente abaixo do preço praticado no mercado. Uma situação que o jornalista Miguel Midões foi conhecer.


No nó da Amendoeira, Olímpio Fernandes, de 73 anos, ficou sem um lameiro, ainda produtivo, de onde chegou a tirar perto de mil sacos de batatas. Neste caso sentiu-se até enganado.
Aquando do negócio da expropriação do terreno, Olímpio viu as estacas de marcação por onde teoricamente iria ser rasgado o seu terreno e aceitou os cerca de 600 euros que lhe ofereceram. Para seu espanto, as estacas indicavam apenas o eixo do diâmetro que ia ser rasgado, tendo sobrado pouco mais que nada daquilo que era o seu lameiro.

“Era um quadrado direitinho e estava lá marcado apenas um cantinho, quase nada, e quando me falaram nos 600€, pensei que pagava aqui perfeitamente. E assinei. Depois, um vizinho meu viu os chinos mudados no lameiro, fui lá ver e reparei que me apanharam o lameiro todo, como já tinha assinado fui logo a Bragança.”

Foi, mas pouco lhe valeu. Queixa-se de falta de explicação, antes de ter sido assinado o contrato.

“Afinal, os primeiros chinos eram o centro, ora dali para a estrada apanhou o lameiro todo. Se me tivessem explicado nunca tinha aceitado aquele valor. Em Bragança atenderam-me muito bem, mas disseram que já não se podia fazer nada”.

Como se não lhe bastasse esta situação, Olímpio Fernandes ainda viu ser-lhe dizimado um pinhal recente que tinha junto à chama recta da sucata, em Sezulfe, onde agora está a ser construída uma das pontes da auto-estrada.

“O rapaz fez-me 650€ pelo pinhal, quase um hectare e meio, estava novo e lindo, um encanto de pinhal. E disse que não me podia dar mais. Era aquilo ou nada e tive de assinar. Ainda por cima tive de arranjar quem comprasse os pinhos, uma trabalheira”.

E este agricultor da aldeia da Amendoeira ainda ficou sem terras para favorecer o alargamento do traçado do IP2, junto ao nó da Zona Industrial. Diz mesmo que na aldeia terá sido o mais lesado.

“Cada um queixa-se do mal que tem, mas às propriedades que a mim me estragaram fui o pior. Houve aí quem recebesse perto de dez mil euros por nada e eu, tudo somado, recebi perto de dois mil euros”.

Olímpio Fernandes é a favor do desenvolvimento da região e até destas grandes obras que rasgam os terrenos transmontanos, ainda assim gostava de ver o trabalho de uma vida pago com mais reconhecimento.

Sem comentários:

Enviar um comentário