quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Produção de vinho mais fraca, mas uvas de qualidade

Por: Miguel Midões

Houve uma quebra na produção vitícola no concelho de Macedo de Cavaleiros.
Este ano são menos as toneladas de uvas que vão dar entrada na Cooperativa Agrícola.
A culpa, dizem os produtores, está no tempo frio de Agosto e nos dias quentes de Setembro.
Ontem foi o primeiro dia de entregas na Cooperativa macedense.

Entrega de uvas decorreu com normalidade, mas tempo de espera rondou as 2 horas


A fila para a entrega das uvas colhidas pelos sócios da Cooperativa Agrícola de Macedo de Cavaleiros começava à porta da cooperativa e estendia-se por toda a avenida do Sal.
Dezenas de tractores e de carrinhas de caixa aberta carregados com toneladas de uvas esperavam pela pesagem e pela entrega do produto.
De um modo geral fala-se numa quebra na produção entre os 30 e os 50%.

“A vindima correu mais ou menos bem, mas as uvas, com o calor que esteve, ficaram muito danificadas. Ficaram muito secas e a produção deve ter descido uma média de 30%. Sou um pequeno agricultor, estou a pensar em entregar uma média de duas toneladas. O ano passado consegui um bocadinho mais, rondava os 2700 quilos.”

Ramiro Augusto Medeiros, produtor de Vale Benfeito.
A este, junta-se João Teixeira, de Vilarinho de Agrochão. A produção foi menor, mas as uvas são de qualidade.

“Este ano correu mais ou menos. A produção é menos que o ano passado. As uvas estão mais ou menos boas, mas esta chuva de Agosto devia ter vindo em Junho. Mas, a graduação deve ser fantástica. Estou a pensar entre 15 a 16 toneladas, enquanto no ano passado entreguei 22. Mas, não está nada mal”.

Este produtor defende que a cooperativa comece a receber as uvas mais cedo, sobretudo dos produtores da zona mais quente do município, junto ao concelho de Mirandela.

“A cooperativa podia ter aberto uma semana mais cedo, porque as uvas amadureceram mais cedo e secaram com este calor. Vilarinho é uma parte mais quente do concelho. O meu pai fez-lhes a proposta, mas eles disseram que não.”

João Teixeira adverte que praticamente já não compensa trabalhar a vinha. O pagamento é tardio e pouco para o trabalho que dá. Este produtor nem agoura grande futuro para as cooperativas da região.

“Se formos a ver até nem compensa, mas não temos outra hipótese. Não há ninguém que queira comprar. No ano passado tivemos um preço a rondar os 25 cêntimos e demoram um ano a pagar. Pagaram há uma semana a colheita do ano passado. Mas, enquanto vão pagando já nem é mau. Só que acho que o sector vai morrer. Aqui, Valpaços e Rebordelo e a nossa única hipótese é a de arrancar as vinhas”.

Muitos produtores à porta da Cooperativa Agrícola de Macedo de Cavaleiros para entregar as uvas, que serão transformadas em vinho. Conformados com a quebra na produção, só esperam que as portas da instituição se vão mantendo abertas para receber as colheitas dos próximos anos.

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